sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Festas I

A sacralização dos alimentos

A idéia de tempo dos camponeses das sociedades rurais tradicionais estava diretamente ligada ao ciclo agrícola. O período de semear e o período de colher demarcavam os momentos importantes de uma comunidade totalmente dependente da generosidade ou da adversidade da Natureza, a quem se agradecia atarvés das celebrações rituais, marcado pelo culto ao mundo natural, paar que no ano seguinte pudesse esse mundo propiciar fertilidade e abundância aos homens.
As tradicionais celebrações ritualísticas, centradas na sagração do Sol, da Lua, da duração do dia e da noite, da morte e do renascimento da Natureza, cuja bondade e equilíbrio dependiam de determinados atos concebidos, transmitindo hábitos e saberes de geração a geração, aos poucos deram lugar a certo tipo de calendário, ainda que direcionado por certos ideais institucionais, tomado pelas expressões da religiosidade popular.
A observação da Natureza diante de uma agricultura controlada pelo saber baseado na prática cotidiana inspirou a construção de determinado conhecimento popular, propagado pela tradição oral epor vários almanaques, nos quais se fixaram certas regras facilmente assimiláveis sobre vários procedimentos em relação à lavoura ou ao clima propício ou não ao trabalho agrícola. Assim, as datas instituídas pela Igreja são acrescidas de certas tarefas agrícolas, como cita Ernesto de Oliveira: A Inverno chuvoso, Verão abundoso; Janeiro molhado, se não é bom para os pães, não é mau para o gado; Abril chuvoso, Maio ventoso, fazem o ano formoso; Apanhar os alhos antes do S. João. No S. João tira os alhos do chão; No São Martinho vai à adega e prova o vinho; A água pelo São João tira o azeite e não dá pão. Na região saloia, durante as festividades cíclicas haviam aspectos alimentares bem peculiares e característicos. A inclusão de determinados manjares e refeições cerimoniais nestes festejos fortalecem bastante a dimensão cultural dos alimentos.

P.S: ernesto Veiga de Oliveira. Manjares e Refeições Cerimoniais. In Festividades cíclicas em Portugal. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1984.

Como encerramento desse post, duas receitas:

Arroz de matança ( Torres Vedras - para 6 a 8 pessoas)

1 língua de porco
1 coração de porco
1,2 kg de entrecosto
Vinagre
Molho de Carne assada
De 600gr a 800gr de arroz (calcule 100gr por pessoa)
Sal

Limpe e lave a lingua e o coração. O entrecosto deve ser lavado com vinagre. Cozinhe as carnes em água e sal. Lave e escorra o arroz. Meça 3 vezes o volume de arroz de água na qual foram cozidas as carnes, junte o molho de carne assada e leve ao fogo até levantar fervura. Quando levantar fervura coloque o arroz, que não deve ficar muito solto, mas um pouco molhado. Adicione um pouco de vinagre e sirva em prato de barro, dispondo por cima as carnes cortadas aos "bocados".

P.S: Receita adaptada de Maria de Lourdes Modesto. Cozinha tradicional portuguesa. 9a edição. Lisboa: Verbo, 1990.

Ovos-moles

8 gemas
200gr de açúcar
100gr de água
60 gr de amendoas moídas

Leve o açúcar com a água ao fogo. Quando estiver no ponto de pérola retire do fogo e acrescente as gemas cortadas com uma faca. Retorne ao fogo para cozinhar as gemas, mexendo sempre. Quando estiverem quesa prontas, junta-se a amendoa moída em ralo grosso. Ferver até abrir sulcos no fundo da panela.

P.S: Maria Odete Cortes Valente. Gastronomia portuguesa. tradição e prática regional. Sintra: Colares Editora, 1998.

P.S 2:Voltarei ao Blog em 3 de janeiro de 2012.

I'll be back my Blog in January 3th, 2012

Feliz Ano Novo!

Happy New Year, Everyone!




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