segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

As refeições e os seus horários - o olhar de um viajante em Minas no século XIX

O naturalista alemão Hermann Burmeister, em 1851, deixou algumas impressões sobre sua passagem em Minas Gerais. Perto de Lagoa Santa, solicitou um agasalho numa venda, foi acomodado num estábulo, no qual estenderam um couro de boi no chão e colocaram em cima um colchão e um lençol limpo. Sentado em um caixote, único móvel da venda, aguardou o jantar, que foi servido de pé, justamente por não haver cadeiras. A refeição, segundo o viajante, foi a providencial galinha com arroz.
Em seu relato spobre a passagem por Ouro Preto, Mariana e outras cidades coloniais, Burmeister fez um diário sobre a dietética e o horário das refeições, relatando minuciosamente os hábitos alimentares das Minas. Informava o naturalista alemão:
Às dez, almôço: feijão, angu, carne sêca, farinha, toucinho, couve, arroz, às vezes frango. Comia-se à vontade, misturando-se tudo num só prato, como ainda hoje se faz comumente. Entre 3 e 4 horas, repetia-se a mesma refeição, com provisões frescas. Bebia-se água ao comer e um pouco de aguardente, tomando-se ao final uma xícara de café. Certas famílias faziam uma terceira refeição entre as 7 e as 8 horas da noite, mas isto já não fazia parte do costume geral. Nesta colação serviam-se pratos mais leves, como canjica com leite e açúcar, chá de laranja com leite, no qual se deitava o biscoito ou um bôlo mais fino, como o pão-de-ló, ou pão-de-milho. Achou muito agradável o chá de laranja. Como havia observado na antiga Vila Rica, Mariana e outras cidades da Província, que havia percorrido.

Hoje a História foi curta. Foi somente um aperitivo para as receitas :D. Vamos a elas :-))

Arroz Tropeiro

½ xícara de chá de gordura
1 tablete de caldo de galinha
Pimenta-do-reino a gosto
1 cabeça de cebola roxa
1 quilo de carne de sol
½ cabeça de alho
Salsa a gosto
1 kg de arroz
4 tomates

Picar a carne em tiras finas e apertar na gordura com o alho. Colocar um pouco de água e deixar cozinhar por uns 10 minutos. Picar o tomate, a cebola e a salsa, tudo bem pequeno e reservar. Depois que a água ferver, apertar o arroz junto com a carne. Colocar os temperos e o caldo de galinha junto com a água fervendo. Nâo deixar secar muito, o ponto é meio mole.


Arroz com Galinha

3 colheres de sopa de corante
1 lata de massa de tomate grande
250 gramas de azeitona verde
1 e ½ kg de tomate picado
1 kg de cebola roxa picada
1 pimentão verde picado
1 galinha caipira gorda
1 lata de ervilha
2 copos de óleo
1 maço de salsinha
2 maços de cebolinha
tempero
1 copo de molho inglês
4 cubos de caldo de galinha

Fritar a gordura da galinha no óleo. Tirar o torresmo e refogar a galinha. Colocar o tempero, um pouco de corante e metade dos ingredientes picados. Acrescentar água. Deixar ferver. Depois da primeira fervura, colocar um pouco de massa de tomate. Tirar os melhores pedaços da galinha e separar. Os pedaços menos nobres ficam na panela para engrossar o caldo. Juntar ao caldo os outros ingredientes picados e o arroz, que deve ser lavado apenas duas vezes para não perder a goma. Por um pouco do molho mais dois cubos de caldo de galinha e água para o arroz cozinhar. Juntar os melhores pedaços da galinha ao arroz. Acrescentar mais um pouco de molho. Por também pedaços do pimentão, azeitona e o molho inglês. Mexer sempre para não deixar o arroz grudar. Acrescentar tomate, cebola, ervilha, pimentão e o resto da massa de tomate. Por mais um pouco de água para o arroz acabar de cozinhar. Terminar o molho aproveitando o que sobrou dos ingredientes picados. Por último, colocar a salsa e a cebolinha na panela.


Arroz de Vila Rica

1 xícara de chá de arroz lavado e escorrido
100 gr de toucinho defumado picado
1 galinha grande cortada pelas juntas
1 pimenta vermelha picada
2 cebolas bem picadas
½ maço de cheiro-verde
3 cenouras bem cortadas
2 cravos da Índia inteiros
Sal e pimenta do reino
1 folha de louro
Água fervente

Fritar o toucinho até soltar a gordura. Juntar a galinha cortada, previamente temperada com sal e pimenta do reino, e deixar dourar. Cobrir com água quente e adicionar a cebola, o cheiro-verde, as cenouras, os cravos, e a folha de louro. Abaixar o fogo, tampar a panela e deixar cozinhar em fogo brando. Quando a galinha estiver quase cozida, acrescentar o arroz e deixar cozinhar até ficar macio ou seque a água. O arroz não deve ficar muito solto.


Bolo de Carne com Banana e Queijo Minas

1 colher de sopa de manteiga
100 gr de toucinho
½ xícara de chá de miolo de pão
½ kg de carne moída (moer junto 100 gramas de pernil);
200 gr de queijo minas
Sal e pimenta a gosto
3 dentes de alho
Cheiro verde a gosto
Caldo de meio limão
8 tomates
8 bananas
1 cebola
Louro
1 ovo

Fazer um molho com alho socado sal limão, louro, pimenta e cheiro verde. Colocar a carne neste molho e deixar descansar por 5 horas. Deixar o pão de molho no leite. Moer junto o toucinho e a cebola. Juntar o pão embebido no leite e o ovo batido. Colocar a carne em uma forma untada com manteiga. Cobrir a carne com o molho feito com pão e toucinho, cheiro verde e o ovo batido. Levar ao forno regando o bolo de carne com água ou caldo de carne uma vez ou outra. Cortar os tomates em quatro, as bananas de comprido também em quatro e o queijo de minas em fatias finas. Servir quente.


Casamento Mineiro

Massa - 1ª etapa:
50 gr de fermento biológico fresco
350 gr de farinha de trigo
300ml de óleo de soja
300ml de água
300ml de leite

Massa - 2ª etapa:
20 gr de fermento biológico seco
700 gr de polpa de milho verde
300 gr de açúcar refinado
2 e ½ kg de farinha de trigo
400 gr de leite em pó
100 gr de margarina
30 gr de sal
500ml de leite
5 ovos

Recheio:
1 kg de queijo minas em cubos
1 kg de goiabada em cubos

Cobertura:
100 gr de queijo parmesão ralado
100 gr de fubá de milho
100 gr de leite em pó

Massa - 1ª etapa:
Misturar todos os ingredientes em um recipiente até obter uma massa líquida. Reservar por 30 minutos, coberta com plástico.

Massa - 2ª etapa:
Misturar todos os ingredientes, exceto a farinha. Após, acrescentar a 1ª etapa e bater por 5 minutos, adicionando a farinha até obter uma massa em ponto de véu. Dividir a massa em porções e reservar.

Montagem:
Abrir a massa em formato de círculos e colocar o recheio. Fechar, bolear e passar todo pão na cobertura. Colocar em assadeiras untadas. Deixar crescer por 1h30. Após levar para forno sob temperatura de 180ºC por 20 minutos.

Cobertura:
Misturar todos os ingredientes e reservar.


Canjica Caipira

3 a 4 pedaços de canela em casca
2 litros de leite de vaca
1 coco bem grande
4 cravos da índia
1 kg de canjica
Açúcar a gosto
Canela em pó

Deixar a canjica de molho a noite inteira. Lavar bem e colocar em uma panelagrande. Cobrir com água fresca, juntar os cravos e a canela e levar ao fogo brando para cozinhar (essa água deve ser abundante para que todo o milho cozinhar por igual). Ralar o coco, reservar uma xícara e retirar todo o leite do restante e reservar em separado. Quando a canjica estiver quase cozida, começar a pôr leite. Adicionar açúcar a gosto e o leite de côco. Deixar continuar a ferver brandamente, mexendo sem parar, e vá juntando o resto do leite, ainda aos pouquinhos. Quando a canjica estiver bem cozida, com o caldo grossinho, juntar o coco ralado. Mexa rapidamente, deixar ferver ainda por uns 3 minutos e retirar do fogo. Pode servir quente ou fria.


Mineiro de Botas

3 colheres de sopa de Manteiga sem Sal
1 xícara de chá de Doce de Leite
200 gr de queijo minas fresco fatiado
8 bananas nanica maduras
canela em pó a gosto

Levar ao fogo uma frigideira grande com a manteiga e as bananas, virando-as, até que fiquem bem douradas. Aquecer o forno com temperatura quente (200ºC). Colocar as bananas num refratário, cobrir com o queijo e espalhe o doce de leite. Polvihar com a canela e levar ao forno preaquecido por cerca de 10 minutos (ou até o queijo derreter). Servir quente ou morno.

Mineiro com Botas

1 kg de queijo de minas meia-cura
100 gr de farinha de trigo
100 ml de mel de abelhas puro
1 dúzia de bananas da terra
500 ml de óleo para fritura
150 ml de leite
Canela em pó
2 ovos

Cortar o queijo em fatias de 1 cm de espessura. Preparar uma massa com a farinha, o leite e os ovos. Empanar as fatias de queijo e fritar em banho de óleo quente. Fatiar e fritar as bananas em frigideira. Montar em recipiente próprio as camadas de queijo, banana e mel. Terminar com queijo. Salpicar com canela em pó. Levar para gratinar. Servir quente.

domingo, 29 de janeiro de 2012

O Milho, o Trivial e o Imaginário Mineiro

O angu de fubá, prato de grande força, fundamental na alimentação do lavrador mineiro e do trabalhador urbano. O mineiro prepara preferencialmente sem sal, ao contrário do paulista, que usa frequentemente sal. O gosto do angu sem sal era melhorado com o acréscimo de torresmos e lingüiça, adicionando a couve picada, fazendo a tríade: feijão, angu e couve. O arroz branco também faz parte da dietética mineira e fundamental à mesa, como também a farofa de farinha de milho ou de mandioca. Na falta da farofa é hábito comum, desde os tempos coloniais, adicionar ao feijão com caldo a farinha simples , torrada ou não, para deixá-lo mais grosso.
A farinha de milho é conhecida por diversos nomes: farinha de munho, farinha de cachorro e piché, este nome dado ao fubá torrado. Com o fubá de milho é preparado o conhecido mingau, que pode ser simples, com açúcar e polvilhado de canela, podendo ser degustado com fatias de queijo ou adicionado leite e mel, sendo utilizado como desjejum , ou à noitinha como última refeição nos tempos coloniais. Também são comuns, desde o século XVIII, o mingau de milho verde e o angu com leite.
A farinha de mandioca rivalizava com a de milho, sendo servida pura ou misturada ao feijão e aos outros pratos, compondo o pirão, a farofa, a paçoca e os beijús. Na mesa do pessoal do interior, na qual o pão era um alimento raro, era costume engrossar o café com farinha de milho ou mandioca. O escritor Abílio Barreto em seu romance, A filha do tropeiro, relatou "um almôço delicado e genuinamente mineiro", formado pelo frango de molho pardo, feijão, angu, arroz, lombo de porco e ervas, regado por algumas garrafas de vinho do Palácio. Referindo-se ao famoso vinho que se fabricava com a uva colhida na chácara do Palácio Episcopal de Diamantina.
Outro escritor de Diamantina, Ciro Arno, em Os Jatobás, livro de reminiscências de juventude, em fins do século XIX relatava o Festim de sua época acompanhado de leitão assado, arroz de forno, tutu de feijão, lingüiça, lombo de porco, peru, galinha e os vinhos da terra.

Agora as receitas :D

Paçoca de Carne de Sol

2 colheres de sopa de óleo
250 gramas de farinha de mandioca torrada
2 kg de carne seca
Cheiro verde a gosto
3 dentes de alho
1 cebola

Colocar a carne seca de molho para tirar o sal e trocar a água de 3 a 4 vezes. Cozinhar a carne por 15 minutos e, em seguida, fritar na gordura apertando bem. Colocar, separadamente, a farinha de mandioca torrada e o alho no pilão de madeira. Juntar a estes ingredientes a carne de sol e socar bem, até virar farofa, não muito fina. Refogar no óleo a cebola e juntar a farofa depois de socada, misturando bem. Acrescentar o cheiro verde para finalizar.

Cozido Mineiro

1 colher de sopa de manteiga
2 colheres de sopa de azeite
50 gramas de azeitonas pretas sem caroço
50 gramas de azeitonas verdes sem caroço
1 dente de alho amassado
Sal e pimenta a gosto
2 pimentões vermelhos
Cheiro verde a gosto
½ quilo de músculo
½ repolho roxo
1 cenoura
½ repolho
4 batatas
4 palmitos
1 chuchu
1 cebola

Colocar o azeite e derreter a manteiga em uma panela de pressão. Acrescentar a cebola picadinha, o alho e a carne até dourar. Temperar com sal e pimenta a gosto e colocar água até 3 ou 4 dedos acima da carne. Juntar a cenoura cortada em rodelas e os pimentões cortados em tirinhas. Tampar a panela de pressão e cozinhar por 10 minutos. Abrir a panela e acrescentar, o repolho roxo cortado em tirinhas, o chuchu e a batata cortada em cubos. Tampar novamente a panela, deixar dar pressão e cozinhar por mais 10 minutos. Abrir a panela e acrescentar os palmitos cortados em rodelas, as azeitonas pretas e verdes. Tampar novamente, deixar dar pressão e cozinhar por mais 5 minutos. Colocar o cheiro verde a gosto e servir.


Dobradinha Mineira

1 colher de sopa de massa de tomate
300 gramas de linguiça de pernil defumada
salsinha e cebolinha a gosto
½ kg de feijão branco
1 kg de dobradinha
10 dentes de alho
1 tomate
1 pimentão
1 cebola
sal a gosto

Lavar bem a dobradinha com água e vinagre, 2 vezes. Depois lavar novamente com água e fubá. Enxaguar e deixar de molho de um dia para o outro em água com vinagre e limão. No dia seguinte, escorrer e temperar a gosto. Em uma panela de pressão cozinhar o feijão. Em outra panela fritar a cebola em rodelas em um pouco de óleo, juntar também o alho e deixar dourar. Acrescentar a massa de tomate deixar fritar um pouco e jogar a dobradinha. Fritar por alguns minutos e em seguida cobrir com água quente e deixar cozinhar até ficar bem cozida. Em uma frigideira fritar a linguiça e reservar. Na mesma panela fritar mais um pouco de alho com sal. Quando o feijão e a dobradinha estiverem cozidos, acrescentar a linguiça e o restante do alho, jogue o pimentão e o tomate picadinhos, deixar ferver por mais alguns minutinhos, acrescentar salsa e cebolinha.


Farofa de Carne Seca e Banana

5 colheres de sopa de manteiga
300 gr de carne seca desfiada
100 gr de azeitonas
2 bananas da terra
Cheiro verde a gosto
1 copo de farinha
2 ovos cozidos
1 cebola

Dourar a cebola picadinha na manteiga. Acrescentar a carne e a azeitona picadinha. Refogar bem e acrescentar as bananas, fritas, cortadas em rodelas e o cheiro verde. Mexer sempre e ir acrescentando a farinha até formar uma farofa solta, mas úmida. Acertar o tempero, juntar os ovos picados e mexer cuidadosamente.

Dourado à Mineira

1 xícara de chá de vinho branco seco
1 xícara de suco de limão
Sal e pimenta do reino branco a gosto
1 dourado de bom tamanho
1 pitada de cominho em pó
1 cebola picadinha
2 raminhos de dill
3 folhas de louro

Caldo:
1 colher de sopa de manteiga
3 xícara de chá de água
Sal e pimenta do reino branca a gosto
1 pimentão picado em cubinhos
2 dentes de alho
3 ramos de salsa
2 cebolinhas
1 folha de louro
1 cebola
4 gemas

Para finalizar:
½ xícara de chá de farinha de rosca
12 ovos de codorna cozidos
Metades de meio limão
Salsa

Limpar o peixe e fazer uma marinada com o suco de limão, as folhas de louro, o dill, a cebola, o cominho, o vinho, o sal e a pimenta. Deixar o peixe mergulhado neste tempeiro de um dia para o outro. Preprar o caldo usando uma assadeira funda e papel alumíneo para cobrir. Deixar cozinhar até que a cebola esteja macia, misturar todos os ingrediente menos a manteiga e as gemas. Desligar o fogo e deixar o caldo esfriar. Colocar o peixe neste caldo, junto com os temperos e cozinhar em fogo brando. Assim que estiver cozido, retirar o peixe e passar para uma assadeira untada e polvilhada com farinha de rosca. Polvilhar farinha de rosca também sobre o peixe. Levar o peixe ao forno para dourar. Coar o caldo do cozimento, engrossar com as gemas, adicionar a manteiga e acertar o tempeiro. Passar o peixe para uma travessa e decorar com os ovos de codorna cortados ao meio, a salsa, o limão e um pouco do caldo.


Feijão Tropeiro com Paçoca de Carne de Charque Desfiada

Feijão Tropeiro:
1 xícara de chá de farinha de mandioca grossa
5 colheres de sopa de cheiro verde picado
1 kg de feijão bolinha ou carioquinha
½ kg de lingüiça frescal
2 dentes de alho socado
3 cebolas picadas
½ kg de bacon picado
Sal a gosto
10 ovos

Paçoca de carne de charque:
1 colher de sopa de pimenta de cheiro
1 kg de carne de charque desfiada manteiga
3 dentes de alho socados
3 cebolas picadas

Feijão Tropeiro:
Cozinhar o feijão até ficar ao dente e deixar escorrer o caldo. Em uma panela colocar a lingüiça para fritar com o bacon. Acrescentar a cebola e o alho e deixar dourar. Colocar os ovos inteiros e sal a gosto. Mexa os ovos depois que formar grumos. Colocar os caroços de feijão e a farinha e mexa bem. Ajuste o sal e por último o cheiro verde.

Paçoca de Carne de charque:
Fritar bem a cebola e o alho na manteiga. Acrescentar a carne seca e deixar ficar bem vermelha. Finalizar com a pimenta de cheiro.

Modo de Servir:
Servir o feijão tropeiro com a carne de charque e banana frita.


Doce de Laranja da Terra

1 dúzia de laranjas maduras
2 kg de açúcar

Raspar a casca dos frutos com ralo de leve. Cortar a parte inferior em cruz. Retirar os gomos, aproveitando apenas as cascas. Colocá-las num tacho com bastante água e cozinhar em fogo forte. Deixar esfriar. Passar as cascas para uma vasilha d'água, trocando a água 2 vezes por dia. Escorrer bem as cascas numa peneira. Fazer uma calda rala de açúcar (usar metade do açúcar pedido), adicionar as cascas e levar ao fogo deixando ferver por ½ hora. Tirar do fogo. Repetir a operação de fervura na calda dois dias consecutivos, ½ hora cada dia. No quarto dia deixar a calda tomar ponto mais alto.

Para cristalizar:
Retirar as cascas da calda mais rala, engrossar bem esta, passar as cascas na calda bem grossa, transferi-las para tabuleiro e deixar secar.


Doce de Mamão Verde Ralado

1 kg (polpa) de mamão verde
1 kg de açúcar
canela em pau

Riscar o mamão com a ponta de uma faca para sair o leite. Uma hora depois cortá-lo em pedaços, tirando as sementes e raspando um pouco por dentro, mas sem tirar as cascas. Ralar o mamão. Deixar a massa ralada de molho em água até o dia seguinte. Escorrer muito bem. Preparar uma calda do açúcar. Adicionar a massa e deixar cozinhar em fogo brando adicionando a canela em pau, mexendo sempre até aparecer o fundo da panela.


Doce de Limão e Morando, de Diamantina

1 e ½ quilos de açúcar
15 morangos
30 limões

Lixar os limões para tirar a acidez. Cortar os limões em lua. Cozinhar por 10 minutos na panela de pressão. Colocar os limões quando a água já estiver fervendo. Deixar esfriar colocando a panela em água corrente e retirar o limão. Deixar por 8 dias, trocando a água uma vez ao dia. Depois, levar ao fogo por 20 minutos até a cor verde voltar. Retirar completamente a polpa raspando com uma colher pequena. Cozinhar novamente com uma jarra de água, 1 e ½ quilos de açúcar. Deixar ferver por 20 minutos em fogo alto e com a panela tampada. A calda fica no ponto de água. Não pode ficar grossa para não endurecer o doce.

Para a calda de morango:
Usar um pouco da calda do limão e acrescentar uma concha de açúcar, colocar os morangos. Levar ao fogo alto e deixar a calda espumar. Reservar.

Montar o prato. Um pouco do limão, um pouco do morango. Pode rechear cada limão com um pouco de doce de leite.


Doce de Batata Doce

3 xícaras grandes de chá de açúcar
4 batatas doces cozidas passadas no espremedor
4 cravos (opcional)

Colocar todos os ingredientes em uma panela e levar ao fogo. Mexa sempre com uma colher de pau, até soltar bem do fundo. Deixar em ponto de enrolar. Para não queimar, fazer com fogo baixo. Enrolar bolinhas ou quadradinhos e se quiser que fique mais doce ainda, passar em açúcar cristal.


Bolo de Pamonha Recheado com Goiabada e Queijo Minas

1 e ½ xícara de chá de açúcar peneirado
1 xícara de chá de flocos de milho pré-cozido
1 colher de sopa de fermento químico em pó
2 colheres de sopa de margarina amolecida
2 colheres de sopa de farinha de trigo
3 colheres de sopa de queijo ralado
1 colher de café de sal
1 lata de milho verde cozido
200 ml de leite de coco
3 ovos

Untar com margarina uma fôrma de buraco no meio. Cortar papel manteiga na medida do fundo da fôrma, aplique sobre a fôrma e untar esse papel, polvilhar trigo em toda a fôrma (fundo e lateral). Preaquecer o forno a180ºC. Fazer dois furos na lata de milho e escorrer bem, abrir a lata e preencha com água filtrada, levar ao liqüidificador e bater até virar uma massa bem amarelinha (mais ou menos uns 3 minutos). Retirar o milho batido e despejar num recipiente. Sem lavar o liqüidificador, bater os ovos por 2 minutos ( é para sair o cheiro de ovo), sem desligar o liqüidificador vá colocando: o milho batido, a margarina, o açúcar, os flocos de milho, o leite de côco, o sal e o queijo ralado. Retirar do liqüidificador e colocar num recipiente e a adicionar o fermento mexendo delicadamente com um fuet. Adicionar um pouco dessa massa na fôrma, colocar fatias do queijo-de-Minas, pedaços de goiabada e salpicar canela em pó por cima. Despejar o resto da massa e fazer o mesmo, colocar queijo, goiabada e canela em pó. Levar para assar por cerca de 35 a 40 minutos, fazer o teste com palito.

Dicas:
Sem o papel manteiga no fundo da fôrma, o bolo não desenforma e acaba quebrando, uma vez que a goiabada tende a descer e grudar na fôrma. Ao desenformar passe uma faca pelas laterais e desenforme, retire o papel manteiga que sairá facilmente.


Dona Flor

½ dose de leite de coco
½ dose de groselha
1 dose de cachaça
gotas de limão

Bater com gelo.

sábado, 28 de janeiro de 2012

O Trivial Mineiro e os Tropeiros

O trivial da mesa mineira, em geral das famílias mais abastadas, foi e ainda é, na maioria das vezes, tradicionalmente a mesma,variando muito pouco, nas diversas regiões do Estado - Sul, Zona da Mata, Centro e Oeste, até nas proximidades da Bania, na qual os hábitos alimentares se parecem um pouco com os baianos. O feijão no passado e no presente ainda é o principal alimento, como também o angu, a farinha de milho ou de mandioca, o arroz solto, o lombo de porco, a lingüiça, a carne de boi,s~eca ou verde, a galinha e, como erva a couve. O feijão chamado de "pai de todos", é o preferido; seguido pelo angu e o torresmo. De pois o arroz como principal rival e por fim a couve. Feijão com angu e torresmo, farinha e couve picadinha - este era o diário alimentar de uma casa simples nos sertões e veredas das ""Geraes".
Dentre as variedades de feijões existentes no Brasil, em Minas o preferido é o mulatinho. São usados também o chumbinho, o manteiga, o roxinho, e o preto. Ao feijão cozido, quase sem caldo, acrescenta-se , sem esmagá-lo, torresmos fritos e à farinha de mandioca, dão-se os nomes de "feijão-de-tropeiro", "feijão-das-onze" e "feijão-de-preguiça".
A cozinha típica mineira deve muito ao antigo tropeiro. O diário alimentar de um tropeiro tinha pouca variação. Em primeiro lugar estava o feijão, seguido pela farinha de mandioca, do toucinho, da carne de vento ou seca e do café. Para o homem de tropa, como geralmente para a população rarefeita do Brasil Central, a carne seca supria a falta de sal, produto muito caro na época, e a da carne fresca, de provisão muito difícil. Havia a necessidade de uma dieta muito simples e nutriente. Isto só era possível com um feijão substancioso, um toucinho salgado, torresmos, farinha de mandioca, para a farofa, a carne de sol, frita ou assada, e couve picada; acompanhada de muita pimenta. Como escreveu Alípio Goulart em Tropas e tropeiros na formação do Brasil, livro publicado em 1961:

"Na mesa do caboclo, se a pimenta já não vem da panela, de mistura com a comida, não há de faltar o cuité do môlho, mistura do fruto cáustico espremido com vinagre. Muitos há que colocam as pimentas inteiras na bôca, mastigando-as, naturalmente; outros espremem-nas, mesmo sem vinagre, e assim as misturam com o alimento".

Em uma panela de pressão o feijão esta cozido em meia hora. No caldeirão comum de tropa o tempo para cozimento era muito maior e exigia uma logística preliminar. logo após servida a refeição, o cozinheiro da tropa catava o feijão para o dia seguinte, colocando-o para cozinhar no caldeirão que ia ao fogo, suspenso em um tripé de pau, chamado de mariquita, e vigiava-o para não queimar.
Uma iguaria incomparável para os mineiros é o tutu de feijão. O mais tradicional é feito com feijão mulatinho, depois de cozido engrossado com farinha de milho ou de mandioca e servido com torresmos. Também pode ser servido com lingüiça ou com ovos cozidos, cortados em rodelas.

Agora as receitas :D

Farofa de Milho

1 tablete de margarina;
3 colheres de sopa de cebola picada;
2 colheres de sopa de cheiro-verde picado;
8 azeitonas pretas sem caroço e picadas;
1 lata de milho;
1 ovo;
2 xícaras de chá de farinha de milho amarela;
sal;
pimenta-do-reino.

Leve ao fogo uma panela com a margarina, espere que ela derreta, junte a cebola e refogue-as até dourar. Acrescente o cheiro-verde, as azeitonas, o milho escorrido e deixe no fogo por mais 5 minutos. Adicione o ovo e mexa rapidamente para que ele cozinhe. Então despeje a farinha de milho, mexendo bem para incorporar todos os ingredientes. Coloque sal e pimenta-do-reino.


Galinha Mineira

2 cubinhos de caldo de galinha;
1xícara de quirera de milho (canjiquinha, xerém);
1 cebola média picada;
1 kg de frango (coxa e sobrecoxa);
3 colheres (sopa) de óleo;
3 tomates (sem pele e sem sementes) picados;
2 colheres (sopa) de salsa picada;
alho e sal.

Tempere o frango com alho e sal. Deixe tomar gosto.Em uma panela de pressão, dissolva o caldo de galinha em 1 litro de água fervente. Junte a quirera e cozinhe em fogo baixo por 20 minutos.Reserve. Doure a cebola e coloque na quirera. Frite o frango em bastante óleo para dourar de todos os lados.Coloque os pedaços na quirera. Na panela que fritou os pedaços de frango, coloque os tomates e 2 xícaras de água fervente e deixe soltar as raspas de frango.Coloque tudo na panela da quirera e volte a cozinhar sem pressão, agora com tudo dentro, até o frango ficar macio.Sirva quente.

Tutu com Lingüiça e Couve

1/2 Kg de feijão já cozido e temperado
1/2 xícara (chá) de farinha de mandioca
1 colher (chá) de tempero caseiro
2 ovos cozidos
1 Kg de toucinho para torresmos
1 Kg de lingüiça

Bata o feijão preparado, com o caldo, no liqüidificador. Com o toucinho, faça os torresmos (fritando em óleo bem quente). Num pouco da gordura dos torresmos, refogue o tempero e adicionar a massa de feijão. Em seguida, mexendo sempre, distribuir lentamente por cima, como chuva, a farinha de mandioca até que fique um pirão mole. Junte o torresmo, os ovos cozidos e a lingüiça. Passar o tutu para uma travessa, guarnecendo-o com couve à mineira e pedaços de lingüiça frita.


Tutu à Mineira

400 gr. de feijão preto;
½ kg de lingüiça de porco, frita;
3 dentes de alho amassados;
3 cebolas picadinhas, fritas;
3 cebolas em rodelas;
3 tomates sem peles e sementes;
2 colheres (sopa) de massa de tomate;
5 colheres (sopa) de farinha de mandioca;
5 ovos cozidos; sal a gosto;
cheiro-verde picadinho.

Cozinhe o feijão e tempere-o com os ingredientes, misture pedaços de lingüiça e bata no liqüidificador. Volte a mistura à panela, adicione a farinha de mandioca, mexendo sempre, para não empolar. Passe para uma travessa e coloque os ovos cozidos picados e o cheiro-verde.

Feijão Tropeiro Mineiro

2 kg de carne de porco (lombo);
500 gr. de toucinho;
2 kg de feijão de corda;
1 kg de farinha de mandioca torrada;
cheiro-verde; óleo;
sal a gosto;
alho e cebola.

Coloque o feijão para cozinhar a parte. Em uma panela de ferro, frite o toucinho, picadinho. Amasse o alho com sal, pique a carne em pedaços e tempere bem. Depois de fritar o toucinho, retire os torresmos, escorra-os e reserve. Deixe um pouco de banha na panela e frite a cebola picadinha até ficar dourada. Coloque um pouco de açúcar e deixe corar. Acrescente a carne e frite bem. Depois de frita, junte o feijão cozido, o torresmo, o cheiro-verde picadinho e vá adicionando a farinha de mandioca, mexendo sempre com uma colher de pau, até ficar bem homogênea. Deixe no fogo por alguns minutos e sirva com arroz.


Ambrosia de Araxá

1 e ½ xícara de chá de açúcar
3 xícaras de chá de leite
canela em pau à gosto
4 gemas peneiradas
suco de ½ limão
4 claras

Em uma panela grossa juntar o açúcar, o leite e a canela. Mexer até o açúcar dissolver e a calda engrossar. Enquanto isso bater ligeiramente as claras em neve. Misturar as gemas e o suco do limão. Agora juntar a mistura dos ovos ao leite e mexer devagar. Abaixar o fogo para não queimar e não derramar. Deixar cozinhar por mais ou menos 30 minutos até secar um pouco o caldo. Servir bem gelado.

Bolo de Queijo Minas

2 colheres de sopa de fermento em pó
4 colheres de sopa de manteiga
2 copos de queijo Minas ralado
2 copos de açúcar refinado
2 copos de farinha de trigo
1 pitada de sal
1 copo de leite
4 ovos

Bater as gemas, a margarina e o açúcar até ficar cremoso. Misturar a farinha de trigo, o queijo e o leite sem bater. Bater as claras em neve e juntar o fermento em pó. Misturar tudo. Assar em tabuleiro médio untado e polvilhado com farinha de trigo, em forno quente. Depois de assado, com o bolo ainda quente, salpicar canela moída e açúcar refinado.


Bolo de Erva Doce

1 colher de sopa de fermento em pó
1 colher de sopa de manteiga
3 colheres de sopa de banha
1 xícara de chá de coalhada
2 xícaras chá de fubá
1 pires (chá) de queijo ralado
1 pitada de sal
½ litro de leite
erva doce

Levar ao fogo, o leite, a erva doce, a banha, a manteiga e o sal. Enquanto aguarda a fervura, preparar à parte o fubá, o queijo ralado, a coalhada e o fermento. Misturar todos os ingredientes e bater bem. Assar em forno quente, forma untada. Desejando, após ter colocado a massa na forma, antes de levar ao forno, cobrir com bastante açúcar e canela em pó. Depois de pronto o bolo apresentará uma crosta saborosa e bonita.


Bolo de Bananas

1 colher de sopa de fermento em pó
2 e ½ xícaras de chá de farinha de trigo
1 xícara de chá de manteiga
2 xícaras de chá de açúcar
10 bananas
5 ovos

Amassar muito bem o açúcar, a manteiga, a farinha de trigo e os ovos. Forrar uma forma untada com papel, colocar as bananas cortadas em rodelas e despejar por cima a massa. Levar ao forno quente.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Informação

Nos ultimos dias tive uma série de tarefas para cumprir, além da formatura de meus alunos queridos. A partir de quinta feira, dia 26 de janeiro, retornarei com so psot no Blog, ainda para finalizar Minas Colonial e depois passar para um próximo assunto. A partir de quinta feira, dia 26, o blog estara com novo post e novas receitas :-)

Até lá :D

sábado, 21 de janeiro de 2012

Um viajante nos arredores do Rio de Janeiro:hábitos à mesa e prática alimentar.

John Luccok, comerciante inglês e ilustrado, esteve no Brasil por dez anos, entre 1808 a 1818, e deixou um diário muito interessante sobre a cultura material sobre a Colônia que havia se transformado no centro do Reino. Suas notas acerca dos usos e costumes da população no Brasil são abstante curiosas. Uma dessas curiosidades que nos interessa é a sua descrição sobre o jantar de uma família abastada nos arredores do Rio de Janeiro, que não modificava muito quando se tratava também de uma família abastada do interior de Minas.

"A refeição principal consta de jantar ao meio-dia, por ocasião da qual o chefe da casa, sua espôsa e filhos às vêzes que reunem ao redor da mesa; é mais comum que a tomem no chão, caso em que a esteira do dono da casa é sagrada, ninguém se aproximando dela senão os favoritos reconhecidos. As vitualhas constam de sopa, em que há grande abundância de legumes, carne sêca e feijão de várias qualidades. Em lugar de pão, usam de farinha de mandioca; esta, quando úmida, é servida em cabaças ou terrinas; quando sêca, em cestas, sendo comida em pequenos pratos de Lisboa. Sòmente os homens usam faca; mulheres e crianças servem-se dos dedos. As escravas comem ao memso tempo, em pontos diversos da sala, sendo que por vêzes suas senhoras lhes dão um bocado com a spróprias mãos. Quando há sobremesa, consta ela de laranjas, banas e outras poucas frutas".

Segundo Luccok, alguns jantares de cerimônia compunham os seus objetos de mesa oriundos da Inglaterra, no caso a louça e a cristaleira, sendo comuns as cabaças e os côcos, no lugar das terrinas e das xícaras. Os garfos e as colheres eram de prata, porém, curiosamente, cada convidado comparecia com a sua faca; geralmente, comprida, pontiaguda e com cabo de prata lavrada. Antes de o jantar servido, os convidados ficavam à vontade, ou em pé, conversando na sala, ou recostados em cadeiras, mesas, camas ou esteiras no soalho. Tiravam o casaco, os sapatos e outros acessórios que o incomodassem. Para o viajante europeu, a disposição da mesa parecia estranha - as damas ficavam todas juntas de um só lado e do outro os cavalheiros, ou, em outro caso, a dona da casa sentava-se ao lado do marido, tendo do outro lado outra senhora, também com o seu da outra banda, de modo que nenhuma dama se colocava ao lado de outro homem que não fosse o próprio conjuge.
O chefe da casa, sentado à cabeceira, recebia os pratos, um a um, e servia os presentes. A altura demasiada da mesa fazia com que o prato chegasse ao nível do queixo do comensal, obrigando-o afincar os cotovelos na mesa e a levar sem jeito a comida à boca em grande sproporções. Os pratos não eram trocados e os dedos eram usados com a mesma freqüência que o garfo. A etiqueta recomendava que não se empregassem mais de três dedos em juntar o "bocado". Comer algo do prato do vizinho era uma prova de amizade, sendo comum os dedos de um e de outro mergulhados um só tempo no mesmo prato. Tomava-se vinho, sem refinamentos e modos. Terminado o repasto, cada um limpava na toalha da mesa a faca de ponta de que se servira, enfiando-a depois no cano da bota ou na baínha do cinturão. E no final de tudo, todos se serviam de uma xícara de café, uma só, como sedativo. Cabe ressaltar que a faca era um acessório indispensável a todo homem por conta de suas diferentes utilidades. Sua ponta aguçada servia para cortar a carne à mesa, palitar os dentes, alisar a palha de milho e picar o fumo de rôlo para o cigarro, tirar bicho-de-pé, comuns naqueles tempos e, finalmente, como instrumento de defesa e ataque.
Por fim Luccok também escreveu no diário que nas fazendas dos arredores do Rio de Janeiro o cardápio era diversificado em relação à vida urbana. Predominavam o charque do Rio Grande do Sul, a farinha de mandioca, o feijão e os legumes. Galinha, ovos e sopa eram luxos. Como bebia amais comum era a água. As vezes aparecia a aguardente. O vinho era só para os fazendeiros mais ricos.

Agora as receitas :D

Croquetes de Aipim

1 kg de aipim
2 colheres (sopa) de óleo
1 cebola média picada
1 dente de alho amassado
Sal e pimenta do reino a gosto
2 colheres (sopa) de cheiro verde picado
1 ovo
2 claras ligeiramente batidas
2 xícara de farinha de rosca.

Lave bem o aipim em água corrente, corte em pedaços, desquasque, coloque em uma panela, cubra com água e cozinhe em fogo médio até ficar macio. Tire do fogo, escorra, remova a fibra central e passe no espremedor ou amasse bem com um garfo.
Coloque óleo em uma panela, junte cebola, alho, deixe dourar levemente, acrescente o aipim, tempere com sal e pimenta a gosto, cozinhe, mexendo sempre, até a mistura começar a se soltar do fundo da panela, tire do fogo, junte cheiro verde, ovo, misture bem e deixe esfriar. Forme os croquetinhos, passe nas claras batidas e na farinha de rosca, envolvendo-os bem.
Em uma panela, coloque óleo em quantidade suficiente para mergulhar os croquetes, leve ao fogo médio, deixe aquecer e frite os croquetes aos poucos, até ficarem dourados. Tire do fogo, deixe escorrer em papel absorvente.


Rabada Carioca

4 rabadas
água fervente
2 colheres de sopa de sal (ou sal grosso)
pimenta do reino a gosto
1 cabeça grande de alho
2 cebolas grandes
5 molhos de agrião

Limpar a rabada retirando o excesso de gordura e a pele que a envolve. Temperá-la com alho, pimenta do reino e sal.
Levá-la ao fogo pingando água fervente e mexendo sempre, até que solte o caldo. Quando estiver dourada, colocar água bastante e deixar que cozinhe até que fique bem cozida.
Separar o caldo da rabada e levá-lo ao freezer. Quando a gordura talhar, retire-a com um colher e jogue fora. Descongele o caldo, acrescente a rabada, adiciona-se a cebola picadinha refogada, cheiro verde e o agrião (reservar um pouco de agrião para misturar à rabada na hora de servir.
Sevir com arroz, purê de batatas ou polenta.


Mãe Benta

12 gemas
2 claras
2 3/4 xícaras de chá de açúcar
2 3/4 xícaras de chá de manteiga
3 1/2 xícaras de chá de farinha de arroz
1 pitada de erva-doce
1 pitada de canela em pó
1 xícara de chá de leite de coco

Para untar:
Manteiga

Preaqueça o forno médio (180ºC). Bata bem as gemas, as claras e o açúcar até obter uma mistura fofa e cremosa. Junte a manteiga e bata até ficar homogêneo. Acrescente a farinha de arroz misturada com a erva-doce e a canela aos poucos, alternando com o leite de coco, e continue batendo até a massa ficar lisa e leve. Distribua em forminhas de empada, untadas, e asse por cerca de 50 minutos.


Empadinhas de Colombo

Recheio:
500 g de camarão miúdo, descascado e limpo
2 xícaras de chá de água fria
2 colheres de sopa de óleo
1 cebola média picada
1 dente de alho picado
2 colheres de massa de tomate
Pimenta-do-reino a gosto
2/3 de xícara de chá de farinha de trigo

Massa:
600 g de farinha de trigo
300 g de manteiga ou margarina
4 ovos
1 colher de chá de sal

Recheio: Na panela coloque o camarão e a água, e leve ao fogo. Deixe ferver por 1 minuto. Reserve. Em outra panela, faça um refogado com óleo, cebola, alho, massa de tomate e pimenta-do-reino. Acrescente os camarões com a água e deixe ferver, mexendo sempre. Acrescente a farinha de trigo dissolvida em um pouco de água e deixe engrossar. Deixe esfriar.
Massa: Numa vasilha coloque a farinha de trigo e a manteiga em pedacinhos. Com as pontas dos dedos vá misturando até obter uma farofa. Junte os ovos, um a um, e amasse bem. Forre forminhas de empada, coloque o recheio (somente um pouco além da metade da forminha) e cubra, tomando o cuidado de apertar bem as bordas com um garfo e de fazer alguns furinhos na tampa com um palito. Coloque as forminhas numa assadeira e leve ao forno moderado preaquecido (180º) por mais ou menos 1 hora ou até que estejam douradas.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Viajantes em Minas Gerais: alimentação e cotidiano III

O naturalista alemão G. W. Freireyss percorreu parte do território mineiro na primeira metade do século XIX e deixou um relato de sua aventura. A Viagem do Rio de Janeiro ao interior da Província de Minas Gerais foi demorada e penosa. A primeira parte da viagem foi feita de falua, espécie de bote coberto, que embarcou no cais do Brás de Pina, depois chamado "dos Mineiros", costeando a Ilha do Governador e a de Paquetá, penetrando a remo no rio Inhomirim, remando até o Porto da Estrela, que estava uma légua à frente. Neste vilarejo encontrou os tropeiros da Província de Minas com as suas cargas de diversos gêneros para o consumo do município da Corte. Para Minas levavam ferro em barra, sal, farinha de trigo, fazendas finas, vinho e outras mercadorias, procedentes do litoral ou da Europa. Os viajantes do interior, indo ou vindo, preferiam seguir em tropas ou caravanas, como forma de evitarem os perigos e as dificuldades dos caminhos.
Assim que deixou o território fluminense, Freireyss afirmou:

"Em geral a hospitalidade é própria dos brasileiros; porém, nas estradas de rodagem, como a que conduz a Minas Gerais, não há mais vestígio dela e o estrangeiro é muita vez sujeito às mais exorbitantes exigências nos lugares em qu pousa. Para quem quiser evitar isso não há outro meio senão o de levar consigo o seu trem de cozinha e, onde quiser pernoitar, mandar a sua gente preparar a carne sêca e o feijão prêto [sic]. Êstes são os comestíveis cotidianos e, em vez de pão, usa-se no Brasil de farinha de mandioca (jatropha Manihot), excepto no planalto e em tôda Minas Gerais, onde se usa de farinha de milho"

O viajante alemão também afirmava que a carne, seca ao ar levemente, vinha do Rio Grande do Sul. Freireyss também comenta sobre um hábito do interior:

"Nas casas da roça despejam-se simplesmente alguns pratos de farinha sôbre a mesa ou num balainho, onde cada um se serve com os dedos, arremessando com um movimento rápido a farinha na bôca, sem que a mínima parcela caia por terra"

Observando a sobriedade do brasileiro à mesa, no ato de comer e beber, escreveu: "talvez em nehum outro país haja tão poucos bêbados como no Brasil". Em troca, "outros vícios são, por isso, mais freqüentes".

Agora as receitas :D

Picanha Assada no Forno

1 picanha;
2 tabletes de caldo de carne;
250 gr. de margarina;
2 colheres de sopa de molho inglês;
1 cebola grande, ralada;
sal, alho e pimenta;

Tempere bem a picanha com alho socado, sal e pimenta e deixe tomar gosto por 02 horas. Depois, coloque-a em uma assadeira, com a parte da gordura para baixo. Derrame sobre ela o molho inglês misturado com o caldo de carne, margarina e cebola ralada. Enrole-a em papel alumínio e asse em forno quente por 20 minutos. Retire o papel, vire a parte gorda para cima e asse por mais 25 minutos. Retire e sirva com arroz branco, vinagrete e mandioca cozida.


Lombo de Porco com Maçã

1,5 kg de lombo de porco;
2 dentes de alho amassados;
2 colheres de sopa de cheiro verde picado;
4 colheres de sopa de vinagre;
1/3 de xícara de chá de óleo de milho;
sal e pimenta a gosto;
1 maçã verde com casca;
1 maçã vermelha com casca;
1/2 xícara (chá) de passas brancas.

Numa tigela, tempere o lombo com alho, cheiro verde, vinagre, óleo, sal e pimenta a gosto. Fure bem a carne e deixe descansar nos temperos por cerca de 2 horas. Preaqueça o forno em temperatura média (180°C). Coloque a carne numa assadeira e asse por 1 hora (a carne deve ficar quase assada), regando de vez em quando com o molho da marinada. Tire do forno. Corte a carne em fatias a intervalos regulares sem chegar até a base. Corte as maçãs em fatias e introduza uma fatia em cada corte, alternando as cores da casca. Asse por mais 30 minutos ou até o lombo ficar macio e dourado. Coloque num prato de servir e mantenha a aquecido. Junte as passas ao molho que restou na assadeira e deixe aquecer bem, raspando o fundo com a colher de pau. Coloque numa molheira e sirva acompanhando o lombo.


Lingüiça Assada

1 kg de linguiça;
2 colheres (sopa) de banha derretida.

Pôr a linguiça numa assadeira e sobre ela a banha derretida. Assar em forno brando, para que fique cozida também por dentro. Quando estiver assada, pulverizar de água para empipocar a pele e secar bem.


Bolo de Banana

2 xícaras (chá) de açúcar;
1 xícara (chá) de manteiga;
2 1/2 xícaras (chá) de farinha de trigo;
5 ovos;
1 colher (sopa) de fermento em pó;
10 bananas.

Amasse muito bem o açúcar, a manteiga, a farinha de trigo e os ovos. Forre uma forma untada com papel, coloque as bananas cortadas em rodelas e despeje por cima a massa. Forno quente


Ambrosia Mineira

1 xícara de chá de queijo tipo minas meia cura ralado
1 colher de sopa de farinha de trigo
6 copos (americano) bem cheios de açúcar granulado
1 litro de leite fervente
canela em pó a gosto
½ litro de água
12 gemas
6 claras

Ferver o açúcar granulado com a água, mexendo sómente até derreter, até obter o ponto de fio grosso. Deixar esfriar um pouco. Juntar o leite fervente, voltando para o fogo até ferver. Bater as gemas com as claras, até dobrar o volume. Acrescentar a farinha, o queijo e a canela, misturando sem bater. Colocar na panela em que está a calda fervendo, às colheradas e sem mexer. Aguardar até voltar a ferver e reduzir o fogo. Considerar pronto quando a calda ficar transparente. Retirar do fogo, colocar o recipiente no forno para corar, sem mexer. Com uma escumadeira e muito cuidado, passar o doce para uma compoteira. Passar a calda pela peneira e colocar sobre o doce, só quando estiver frio. Polvilhar com um pouco mais de canela e servir.


Bom Apetite :D.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Os Viajantes em Minas Gerais: alimentação e cotidiano II

John Emanuel Pohl foi um dos viajantes mais fidedignos, entre os que percorreram o Brasil na primeira metade do século XIX; naturalista austríaco, cuja lucidez e capacidade de observação não fizeram jus à obra que deixou, contendo informações acerca de várias manifestações da vida econômica e social brasileira. Pohl partiu do Rio de Janeiro em 1818 com destino a Barbacena, São João Del Rey e Paracatu. Posteriormente visitou Abaeté, Minas Novas, Rio Jequitinhonha e Vila Rica, retornando ao Rio de Janeiro em 1821. Referiu-se com maior ou menor minúcia aos hábitos da população, costumes do clero, maneiras de trajar, preços, salários, comida, carestia de gêneros, classes sociais, profissões, estado das minas, diversões.

Pohl chegou a São joão Del Rey, antes de uma tempestade. Era o prenúncio da estação chuvosa e o aconselharam a retornar ao Riod e Janeiro. No entanto, não desistiu de sua penosa caminhada, após as chuvas vinha um calor sufocante. Faz um pouso à noite em uma pequena fazenda. Mediante pagamento, lhes prepararam um almoço simples à moda brasileira: feijão com toucinho, teve sorte que nas fazendas onde pousou haviam bananeiras e laranjeiras a seu dispor, "cujos frutos se podem chamar a comida predileta dos brasileiros", como afirmou o viajante.
Passou por Oliveira, Formiga, Bambuí, míseros arraiais. Cruzou léguas e léguas de cerrados e capões de mato, colecionando pássaros e plantas, dormindo em ranchos, dormindo em fazendas, até que chegou ao povoado de São Pedro de Alcântara, habitado por negros livres. A pobraze era tão grande que nada lhe ofereceram para comer. O vigário local, um espanhol, que lhe ofereceu uma galinha cozida antes de ir para a cama. Dias depoisd e caminhada, pousou numa fazenda que pertencia ao juiz do arraial de Patrocínio, no qual lhe deram um dos melhores quartos e, apesar do adiantado da hora, lhe prepararam uma bela refeição composta por feijão, galinha com arroz, farinha de milho, queijo e bananas.
O doutor Pohl notou que os habitantes, mesmo os que criavam gado vacum, tinham uma certa aversão à manteiga e afirmavam que provocava vômitos. Pouco se fabricava o queijo. A carne de vaca era considerada nociva à saúde. Mais esquisito ainda, para o viajante austríaco, lhe pareceu o hábito de derramar farinha de milho sobre a mesa para servir de condutor habitual de certos alimentos contidos em uma travessa. Comia-se farinha em vez de pão, tirando-a do monte com a colher e levando-a à boca.
Na vila de Paracatu do Príncipe, a duzentas léguas do Rio de Janeiro, observou que a comida dos mais abastados não era nada seletiva, nem sequer digerível, não passando de arroz, toucinho, legumes lenhosos, carne de vaca, fresca ou seca ao sol, lingüiça, bacalhau, frutas em conserva e doces. Os pobres enganavam a fome com feijão preto, peixe seco e farinha de milho, raramente com carne sêca. Convidado a uma festa de batizado, Pohl encontrou a mesa já posta. Faltavam faca e garfo, que ainda não se usavam, e cada convidado servia-se do prato que desejava. Em meia hora, depois de muitos brindes ao neófito, pais e padrinhos, ao vigário, estava encerrado o banquete.

Agora as receitas :D!

Broa de Fubá Cremosa

3 ovos
1 pote de iogurte natural
1 copo duplo de fubá
1 copo duplo de açúcar cristal
1 copo duplo de leite
1 copo duplo de queijo minas curado ralado
1 copo americano pequeno de óleo (até à risca)
1 colher de café de sal
1 colher de sopa bem cheia de farinha de trigo
1 colher bem cheia de fermento em pó

Bata os ovos no liquidificador. Acrescentar o iogurte, o fubá, o açúcar, o sal, o óleo e o leite. Acrescentar a farinha e bater mais um pouco. Acrescentar o queijo e, por último, o fermento em pó. Untar um tabuleiro com manteiga e farinha, colocar no tabuleiro e levar ao forno a 180 graus, por 45 minutos. Ao retirar do forno, ainda quente, polvilhar açúcar refinado e canela.


Farofa de Ovos com Presunto

250 gr. de manteiga;
1 cebola grande picadinha;
3 ovos inteiros;
100 gr. de presunto cortado em cubinhos;
250 gr. de farinha de mandioca crua;
salsa picadinha;
sal a gosto.

Coloque a manteiga em uma panela, leve ao fogo e doure a cebola. Adicione o presunto e a salsinha. Quebre os ovos inteiros, coloque sal e mexa bem. Quando as claras ficarem brancas, acrescente a farinha de mandioca mexendo sempre. Depois de terminada a farinha, desligue o fogo e sirva.


Feijoada Mineira

1/2 kg de carne de vaca (chã-de-dentro);
1 kg de feijão preto;
1 kg de linguiça;
1 kg de lombo de porco;
2 orelhas de porco;
4 paios;
2 pés de porco;
2 rabinhos de porco;
pimenta malagueta;
tempero mineiro.

Temperar as carnes e cozinhar de véspera. A linguiça e os paios são cozidos em outra panela. Pôr tudo na geladeira depois de cozido. No dia seguinte, retirar a gordura talhada que ficou por cima das carnes. Cozinhar o feijão. Afogar em um pouco de óleo com todos os temperos e adicionar as carnes cozidas, inclusive a linguiça e os paios. Usar de preferência panela de barro. Deixar em fogo lento por aproximadamente meia hora.


Arroz Caipira

1 kg de costelinha de suíno;
300g de lingüiça;
1 cebola grande; 3 dentes de alho;
sal e pimenta do reino a gosto;
suco de 2 limões;
1/2 concha de gordura ou óleo;
3 xícaras de arroz;
salsa e cebolinha verde.

Lave e deixe secar o arroz. Coloque a gordura em uma panela e frite as costelinhas, que devem ser temperadas com sal, pimenta e o limão. Quando estiverem fritas, junte a cebola, o alho e o arroz, deixando fritar bem. Ponha água, tampe a panela e deixe cozinhar. Vá juntando água à medida que for necessário, pois esse arroz deve ficar bem úmido. Em separado, frite a linguiça e quando o arroz estiver quase pronto, junte a salsa a cebolinha e a linguiça. Sirva em seguida.


Bom apetite :D