domingo, 25 de dezembro de 2011

Hábitos e práticas alimentares I

Ao pensarmos na possibilidade de uma história da alimentação, devemos levar em conta as características alimentares locais. Logo, podemos inferir que as condições naturais de cada região e a disponibilidade ou não de detrminadas plantas, frutos e animais foram fundamentais para a consolidação dos hábitos alimentares específicos. Por outro lado, tais hábitos alimentares não só atenderam às necessidades biológicas mas, também, imprimiram uma marca cultural. Ao pensarmos em Portugal o que vem à nossa mente? O azeite, a diversidade de pães, o porco, o vinho, enfim, todos como marca, em sua maioria, de uma cultura camponesa de subsistência, no melhor dos sentidos. Aliás, isto que marca a historiografia brasileira na explicação do porquê da implantação de uma agroindústria colonial na América Portuguesa. O Brasil, como já dizia Sérgio Buarque de Holanda, tinha uma terra fértil e imensa, ao contrário de Portugal que não tinha tanta disponibilidade territorial para a monta de uma grande extensão agrícola, a não ser as que atendiam as necessidades imediatas, no caso dos Saloios, de abastecer a capital do império.
Assim, o que podemos identificar, por esta característica, é que as condições regionais determinaram a seleção de certos alimentos, consolidando culturalmente a preferência e especialização em determinados pratos, gostos, enfim, elementos simbolicos capazes de estabelecer sentimentos de pertença nas cozinhas regionais. Contudo, a natureza cultural dos alimentos também derivou de um conjunto de condições que reconfiguraram, e ainda reconfiguram, as pesquisas em torno dos alimentos em diversas conjunturas sociais e históricas. A disponibilidade ou a falta de determinados alimentos e as condições sociais, tiveram um papel importante na dimensão e na experiência cultural de no hábito de se alimentar, nas posssibilidades de obtenção, no conhecimento das práticas culinárias, nos hábitos religiosos das comunidades, nas crenças e simbolismos de certos alimentos e nas práticas medicinais e de cura.
As especificidades alimentares identificadas na chamada região saloia têm uma ligação direta com a formação das práticas e hábitos alimentares ao longo dos séculos.
Isto posto, encerrarei a postagem de hoje com duas receitas da região: uma de peixe e outra de doce. Espero que gostem.

Peixe frito à escabeche (4 pessoas)

1 kg de peixe (sardinha)
4 cebolas
4 dentes de alho
Salsa
150 ml de azeite
150 ml de vinagre
Pimenta
Louro
Sal

De véspera frite o peixe em azeite bem quente e reserve. No dia seguinte, corte as cebolas em rodelas, pique o alho e leve para refogar em uma frigideira com azeite, louro e a salsa picada irregularmente. Deixe cozinhar a cebola. tempere com sal e pimenta e regue com vinagre. Deixe apurar no fogo brando. Desligue o fogo e coloque o molho de escabeche sobre o peixe fritos na véspera. Guarde dentro de um pote e deixe por algumas horas. O melhor é deixar por alguns dias para o peixe absorver bem o molho. Sirva frio. Esta era uma prática para conservar os alimentos, em especial o peixe. Utilizava-se também o peixe espada.

P.S: Receita adaptada do livro de Maria de Lourdes Modesto. Cozinha tradicional portuguesa.

Pudim de limão

1/2 kg de açúcar
12 ovos
50gr de manteiga
Raspas de limão
Suco de limão

Mistura-se o açucar com as 12 gemas, mexendo devagar até formar um creme. juntam-se as raspas de limão, o suco de limão e a manteiga derretida. Por último acrescente as claras batidas em ponto de marshmallow. Torna-se a bater tudo devagar, apurando, em movimentos de baixo para cima. deixe a massa descansar por até um dia, até ficar um pouco diluída. Untam-se forminhas com manteiga e distribua um pouco de massa em cada uma delas. Leve ao forno médio para assar. Acompanhe o processo, caso a massa cresça além da conta, retire do forno para ela baixar; depois retorne-as novamente até assar por completo. Pode-se utilizar as 6 claras restantes para fazer um suspiro e enfeitar cada pudim e levá-los novamente ao forno, por 5 minutos, apenas para secar e corar o suspiro.

P.S: Receita adaptada de Manuel J. gandra. Sabores, cheiros e comeres de Mafra. Tradição e modernidade.

Por hoje é só :-) Feliz Natal!

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