segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Hábitos Alimentares II

Determinados produtos foram preponderantes nas práticas alimentares nos arredores de Lisboa. A diversidade de produtos agro-pecuários que, no primeiro momento, atenderiam à capital portuguesa mas, com o tempo passou a atender o consumo local. Cereais, azeite, carne, laticínios, horticultura, foram produtos que caracterizaram o cinturão verde lisboeta. É claro que, com o tempo, o crescimento de Lisboa e diversificação alimentar fez com que as propias necessidades da capital fossem se ampliando para produtos estrangeiros e de outras regiões. Mas, iniciemos falando dos cereais produzidos pelos saloios.

Os Cereais

A produção de cereais, base alimentar no medievo por conta do alto consumo de pão, sofreu modificações no século XV, nas regiões próximas à Lisboa, em especial a Estremadura. Em Benfica se produzia trigo; na região da Sé de Lisboa produzia-se trigo, cevada e milho; em Oeiras o forte era a produção de trigo e cevada. Apesar da boa produtividade de cereais, ainda era pouco se comparada às outras províncias portuguesas, diante das necessidades de consumo do reino, em especial na capital. Eram comuns as ondas de fomes de pão no interior de Portugal. Contudo, a região do Alentejo assumiu o papel de celeiro lusitano, embora em determinados períodos precisava da complementação do trigo de outras áreas como Açores, Africa do Norte e parte da Europa.
O fato é que 3 cereais foram fundamentais em Portugal: milho, trigo e centeio. Curiosamente, no século XIX, o milho era o principal cereal produzido nos campos lusos, como ainda hoje, na região do Minho, percebem-se os milharais bordeando o traçado das ferrovias.

Como de praxe, deixo duas receitas:

Bolo de mel (região de Mafra)

Bata 250 ml de mel com 200ml de azeite, junte aos poucos 250gr de açúcar mascavo. Adicione 250gr de farinha de milho e 150gr de farinha de trigo, 6 ovos inteiros, um a um e, por último, 125 gr de nozes picadas, colheres de sopa de canela e 2 colheres de sopa de erva doce (tostadas previamente e depois moídas com rolo de massa para ficar em pó). Encha as forminhas untadas com azeite e leve ao forno para assar. Depois de assados desenforme e polvilhe com açucar e canela.

P.S 1: Receita adaptada de Manuel J. Gandra. sabores, cheiros e comeres de Mafra. Tradição e modernidade. Ericeira: Mar de Letras, 1998.

P.S 2: Trata-se de um doce tradicional na Páscoa e no Natal.

Bolo caseiro saloio

Misture 1kg de farinha de trigo com 15 gr de fermento desfeito em um pouco d eleite morno, 125gr de manteiga levemente amolecida, raspas da casca de um limão, 1/2 colher de café de bicarbonato de sódio, sal, 8 gemas, amasse tudo muito bem, juntando aos poucos 750gr de açucar mascavo juntamente com leite o quanto bastar, até a massa ficar bem trabalhada. Deixe descansar coberta com um pano de prato. formam-se bolos em formatos de ferraduras. Pincele com ovo batido e leve ao forno alto para assar em tabuleiro untado e polvilhado com farinha. Assim que estiverem assados retire-os do forno e os cubra com panos, deixando-os esfriar.


P.S: Manuel J. Gandra. Sabores, cheiros e comeres de Mafra. Tradição e modernidade. Ericeira: Mar de Letras, 1998.

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