sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Mais sobre os Saloios

Na última postagem iniciei a discussão sobre o termo "saloios". Em continuação, a crescente visibilidade do "saloio" fez com que o Rei Dom Afonso de Henriques se preocupasse mais com a origem desse grupo, já ligado ao grupo Mouro, conforme apontou o homem do século XVII, Miguel Leitão de Andrada: no termo de Lisboa, deixando el-Rei Dom Affonso de Henriques ficar os Mouros deles em suas fazendas e lugares, pagando o mesmo que aos Reis Mouros, que he o quarto de todas as suas novidades, como vedes hoje o pagão, e a estas chamavão, não mudejares como os de Ronda e Granada se não çaloios, que era nome mais nobre respeito delles, que quer dizer gente de Çalaa, e daquela seita de Mouros, e o mesmo foi no Reino do Algarve, em tempo de el-Rei Dom Dinis. E o que entre nós significa Christão, seja Portuguez [sic], he entre elles miscelania, de maneira que çaloio quer dizer Mouro [...] e logo também o mostrão, porque são muito barbaros, porém de tal maneira se forão fazendo christãos, e esquecendo sua progenie [...] E ainda que destes çaloios ficassem poucos, desses poucos se estendeo o nome a todos do termo Lisboa ..."

Como podemos observar, aos poucos a idéia de povo rústico foi incorporado à origem e formação dos Saloios. Em fins do século XVIII, o termo saloio adquiriu um outro sentido e interpretação. Para o o Frei Joaquim de Santa Rosa Viterbo, Saloio era oriundo de Çalaio, imposto que se pagava pelo pão na cidade de LIsboa, como o proprio coloca: Se os Çaloyos ou Saloyos, que el-rei D. Afonso Henriques deixou ficar nos contornos de Lisboa [...] ou do salame dos Mouros, de que descendem: então deram çaloyos o nome de çalaio, sendo certo que desde a conquista de Lisboa até o presente, eles se ocupam em fornecer corte de pão, cozido. porém, se antes da dita conquista, ja este tributo se chamava Çalayo, é bem de crer que ele daria o nome de saloyo e saloya àquele ou àquela que nisto se ocupasse.

Mas, a historiografia portuguesa dos anos 80 do século XX combateu a idéia do saloio descendente do mouro, tornado livre após a reconquista. Mas, isto é para outra discussão. para encerrar este pequeno post, que tal três receitas da doçaria Saloia?

Doce de Vinho ou Uvada de Alenquer ( Homenagem ao Fabiano Macedo).

Pôe-se no fogo um tacho, no qual se coloca o suco de uva puro ou vinho(o ideal seria o que tivesse acabado de espremer). Enquanto pega fervura vai retirando-se a espuma com uma colher d epau. Quando acabar a espuma fica a essencia da uva. Acrescente-se maçãs sem casca cortadas em quatro, cravos da Índia, canela em pau; deixa-se ferver, mexendo sempre para não grudar, quando começar a adquirir consistência e aparecer já o fundo da panela, já estará pronto. Deixe esfriar e gaurde em tigelas ou potes. (Trata-se de um doce tradicional dos Vinhedos de Montejunto).

P.S: Receita adaptada de Maria Odete Cortes Valente. Gastronomia Portuguesa (tradição e prática regional). Sintra: Colares Editores, 1998.

Doce de Abóbora com Laranja ( tradicional de Loures)

3 kg de abóbora
Raspas de laranja
1,5 kg de açúcar
Canela em pau.

Corta-se a abóbora em cubos, junta-se o açúcar e deixe descansar de um dia para o outro. leve ao fogo até tomar ponto; acrescente as raspas de laranja. Deixe esfriar e sirva. Pode armazená-lo em potes.

P.S: Receita adaptada de Rota gastronómica e enológica de Loures. Loures: camara Municipal, s/d.

Pudim de Ovos da Malveira

50 gr de farinha
750gr de açúcar
12 ovos
1/2 tablete de margarina ou manteiga (50gr)
2 limôes ( os sicilianos dão um sabor mais forte)
4laranjas

Bate-se rapidamente os ovos inteiros para darem liga. À parte misture o açúcar com a farinha, amanteiga ou margarina derretida e, por fim, o suco e as raspas dos dois limões e das quatro laranjas. Acrescente os ovos batidos e misture bem a massa. Coloca-se a massa em froma de bolo inglês, bem untada com manteiga e polvilhada com farinha. Quando assado, ams não seco, deixe descansar na forma, até esfriar e desenforme. Pode também assar em forma de furo no centro, só observe o tamanho para a massa não ficar muito baixinha.

P.S: Receita adaptada de Manuel J. Gandra. Sabores, cheiros e comeres regionais de Mafra. Tradição e modernidade. Ericeira: Mar de Letras, 1998.

Por hoje é só! Até mais! :-)

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