sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Festas IV

Hoje, dando continuidade aos alimentos e as festividades, o tema será o Carnaval

Carnaval.

No hemisfério norte o início da Primavera, de acordo com o calendário lunar, é marcada pelo Entrudo, no caso o Carnaval. Também, o período coincide com o tempo da semeadura, iniciando o ano agrário. A permissão transgressora, a inversão dos papéis sociais, a abertura para o obsceno, o uso de máscaras; tudo isto caracteriza esta festa, na qual a pulsão festiva, ligada ao final do inverno e a renovação da vida e o período da fertilidade, corresponde diretamente nos excessos alimentares, na transgressão, no pecado, aqui representado pela gula. A manifestação de abundância, como propiciadora da própria abundância, marcando as práticas alimentares neste período cíclico. O consumo e oferta de filhoses (espécie de bolinho natalino tradicional) era o costume mais marcante, em termos alimentares; um hábito que acabaria por se transferir ao Natal.
Na Quarta Feira de Cinzas celebrava-se o enterro do Carnaval. Na localidade de Janes da Malveira, havia a representação de um enterro, que na tradição antiga figurava um homem, atualmente substituído por um boneco de palha, transportado em uma padiola e que circulava por toda aldeia até ser queimado, depois de serem leiloados todos os doces, bolos, frutos ou enchidos que o recheavam. Simbolizava, segundo alguns autores, a destruição do Inverno e das forças negativas; era o bode expiatório da aldeia (AMARO:1990).
Os excessos carnavalescos contrapõe-se à contrição alimentar da Quaresma. A observância ao jejum, cobrado e mantido pela Igreja, obrigava ao não consumo de carne até a Páscoa. O final deste hiato alimentar era, por sua vez, marcado pelo Enterro do Bacalhau, prática festiva generalizada por todo o Portugal e que chegou aser muito importante na região saloia. O bacalhau, alimento de cunho popular desde o século XVI, era o Coringa diante da impossibilidade do consumo da carne e do preço alto do peixe durante a Quaresma.

Para encerrar o Post. As receitas:

Filhoses Portugueses

1 kg de farinha,
100gr de manteiga
2 colheres de sopa de azeite
2 colheres de sopa de aguardente
1 laranja
6 ovos
25 gr de fermento para pão
2 colheres de sopa de açúcar
Azeite abundante para fritar
Açúcar e canela para polvilhar.

Dissolva o fermento em um pouco de sal e água morna. Peneire a farinha em um alguidar ou gamela, abrindo uma cova no meio e colocando o azeite aquecido com a manteiga. Esfregam-se todos os ingredientes entre as mãos ( movimentos de "vaivém"). Quando tudo estiver com um aspecto esfarelado, acrescente o fermento e os ovos, previamente passados por água quente com casca, juntando 2 ovos de cada vez. Amasse tudo muito bem juntando o suco de laranja aquecido com a água ardente; amasse pro 30 minutos à mão. Polvilhe a massa com farinha, envolva o alguidar em um cobertor e deixe descansar por 3 a 4 horas.
Leve o azeite ao fogo e deixe-o bem quente. Molha-se a spontas dos dedos no azeite e tira-se pedaços da massa levedada, de forma que as filhoses fiquem finas no centro e grossa nas bordas. Coloque para fritar. depois de fritas no azeite quente polvilhe com açúcar e canela.


Bolo de Festa (Murgeira-Mafra)

1 kg de farinha
500 gr de açúcar
3ovos
100gr de manteiga
canela
Uma pitada de sal
500 ml de leite
50gr de fermento para pão
raspas de limão

Junta-se a farinha com o açúcar, o fermento e o leite quente, fervido com um pau de canela e a casca de limão. Amassa-se como se fosse pão, juntando a manteiga e por fim os ovos. O leite deve deitar-se aos poucos, pois pode ser demais.

P.S: receita adaptada de Ana Maria Amaro. A Mulher Saloia - A Padeira e o Pão. Etnografia da Região Saloia (A Diversidade do Quotidiano). Sintra: Instituto de Sintra, 1999.

Ana maria Amaro. Do Natal ao São João em Janes da Malveira. Arquivo de Cascais - Boletim Cultural do Município, Câmara Municipal de Cascais, n.9, 1990, pp.237-261.

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